Musikfabrik em Friburgo

Musikfabrik em Friburgo

 (Fotos: Titio e seu celular)

Acesse: http://musikbrasil.blogspot.com.br/

Titio em alfa. Puro nirvana é esta vida de arte educador. Musikfabrik em Friburgo foi puro e eletrizante deleite. A proposta é a de sempre: Linguagem musical como ferramenta pedagógica para se ensinar qualquer coisa - inclusive música - usando como metodologia o contato físico com a ‘coisa’ musical, naquele ‘como funciona’ que depois de sabido incendeia a cabeça de qualquer um. O ensejo, o projeto da hora é ‘Blefes Excêntricos’ dos super gente boas Fabrício Dorneles e Lucas Ferreira do Circo Dux, parceria já de dois anos.

O Titio ajudando e orientando a dupla a inventar instrumentos musicais esdrúxulos e mui doidos e palhaços, coisa de circo assim assim e eles me levando para essas aventuras de gibi junto com grupos e pareciros de aventura circense. Com este já é o quarto ou quinto workshop que o Titio faz com gente assim de circo ou arte educadores em geral. Sempre maravilha, trapézio sem rede e corda bamba.

Este agora, seguramente foi um dos workshops mais felizes que fiz na vida. É só olhar nas fotos o meu olho brilhando atrás da câmera do celular. Propus um programa que envolvesse orientação e capacitação de adultos que, ali mesmo, o fogo do fazer de tudo se transformariam poucas horas depois em orientadores de adolescentes, para ao final acabarem todos crianças de novo orientando-se entre si mesmos.

Crianças estavam bem vindas, portanto, mas só as acima de 12 anos, determinei eu, peremptório, no desejo de não ficar maluco ali no meio da batalha campal que são meus workshops de véio doidão. Mas vejam o quão mais louca a situação ainda ameaçava ficar: Eu não sabia que ali naquele espaço se cuidava de criancinhas tão pequenininhas, destas de tope mínimo, 5, 6 anos, por aí. Estas mesmas, chantagistas emocionais com cara de gatos sonsos.

Soube delas na hora em que tocando a minha sedutora kalimba me vi cercado por gentinhas, extasiadas me puxando as calças para ver de onde saía o som, com a kalimba enfeitiçando elas feito fez com seu ‘pífano mágico’ aquele flautista de Hamelin. Um dos pequerruchos entre os mais sabidos, na lata, já sabendo de tudo que lhe cabia reivindicar, me pediu para confirmar: “É só para quem tem mais de 12, né tio?” E fez aquela cara de gato na chuva que os pequerruchos sabem fazer.

Fazer o que? Era de chorar. Ali mesmo, perante as criancinhas todas declarei solenemente, feito um ditador vacilante e arrependido: “ Não! Não! É pra geral! Acabo de abolir a lei!” A professora deles fez aquela cara feliz meio assustada, pensando na confusão que eu estava armando. Os demais do workshop, adultos e adolescentes nem sabiam o embaraço que eu havia lhes arrumado quando os pequerruchos invadiram a praia deles cheios de moral e auto estima, para fazer suas violinhas de rock and roll.

E assim o programa foi cumprido literalmente e todo mundo virou músico aluno e professor, ali mesmo, na hora (em pouco mais de 6 hs quero dizer). (Segredo meu: Esta é a hora que eu mais gosto porque a máquina do workshop passa a andar sozinha. Posso sumir, sair, dar uma volta, tomar um cafezinho ou ficar tirando retratos como fiquei, quase invisível (exceto para os pequerruchos que me imploravam mais e mais violinhas de rock and roll.

 La nave sempre va.

E foi assim sim: Arte educação injetada nas nossas veias como droga boa que é, viramos todos doidas criancinhas nem tanto, junto com as outras (as reais) que, por sua vez viraram adultas de mentirinha (embora muito doidinhas) e nos governaram e todo o resto até o fim que, acabou mesmo virando uma ensandecida festa de guris de um Funk não mais proibidinho muito menos proibidão.

E vejam que outra doidice mais doidice ainda: Soube logo que cheguei que o projeto possuía uma pilha de violões estocados, sem uso porque a prefeitura não manda nunca um professor de violão. Olhando em torno aquela multidão de adultos e pequerruchos malucos tocando as violinhas de lata e de rock and roll que eles mesmos haviam acabado de fazer, fiquei pensando: "Ah! Danem-se. Para que servem a esta altura os professores de violão!" Atraída pela ruidosa música livre de amarras de qualquer espécie, sei lá porque, convocadas por alguém, do nada, talvez, nos apareceu uma comitiva da Secretaria de educação municipal com fotógrafo e tudo.

 Tiraram fotos oficiais, entrevistaram o Titio, meio sem tempo para parar e- que loucos - fizeram eles também as suas violinhas e se foram, também mais pequeninos, como não eram ao chegar. Tem gente estúpida que pensa que educação pode caminhar separada de cultura e celebração. Nem ligo mais pra esta gente. Nós, da caravana dos grandes e pequerruchos violeiros, tamborineiros, flautistas e marimbeiros do nosso rock and roll, vamos passando e eles nunca passarão.


















Uhhhú! Ficou mais Nova e iluminada esta Friburgo. É nóis, a chama acesa como em foguete morteiro subindo na pedra do rabo do imperador bundão.

Musikfabrik arma circo em Belzonte



-------------

Musikfabrik arma o circo em Belzonte

“Ricardo Vinhas Passos passou mais de dez anos viajando guiado pelo interesse na música e cultura de diferentes lugares da Ásia, África, América e Europa. Aprendeu a tocar instrumentos como o guembri, em Marrocos, a darbouka, o rik e o bend
ir, no Egito, o Tonbak e o Def, no Irã, entre outros. Por fim o seu percurso levou-o a Varanasi e aí conectou com a forma mais antiga da música clássica do Norte da Índia : o canto Dhrupad. No Sul da Índia aprendeu Solkattu e canto carnático. Explora com profundidade a improvisação e a espontaneidade misturando elementos da cultura oriental como as ragas da Índia com o sistema tonal da cultura ocidental.”

http://www.savassifestival.com.br/2012/events/improvisacao-na-musica-indiana

---------------

Tipo doideira mesmo desta vida.

Foi há poucos dias em belo Horizonte, num workshop de Musikfabrik que o tio deu para um simpaticíssimo grupo de artistas circenses e assemelhados (teatro, canto, etc.) Um dos alunos era este cidadão luso aí do currículo acima, Ricardo Vinhas Passos. Outra era, a trapezista que fez as imagens num celular smart destes aí.

(Só faltou a 'mulher que engole raio laser”)

Ensinei um monte de instrumentos para eles, um dos exercícios mais bacanas é por os alunos para fazer um alaúde de lata de leite ninho e cabo de vassoura. Eles na hora não acreditam.

Mais ainda o Ricardo, que fez a quela cara de incrédulo típica dos europeus diante das manhas do Brasil.

“_ Já que és um tocador especialista, faz com duas cordas”_ sugeri. E ele com aquela cara, todo enrolado com as ferramentas, mas cada vez mais envolvido com a experiência. De repente:

Fiat música!

Vocês não sabem como foi bacana de ver a alegria radiante, de criança dele quando, efetivamente se viu tocando o tosco instrumento feito em poucas horas com aquela precariedade, como se fosse um daqueles da lista de super exóticos instrumentos de seu curriculo.

Eufórico, me disse rindo como guri com brinquedo novo: _”Vou tocar este junto com os outros no meu espetáculo!”

Daí danamos de brincar de tocar uma coisa qualquer indiana, africana, jamaicana, sei lá como dois doidinhos. Ainda bem que o palco era um cantinho da lona de circo. Tudo a ver.

Musikfabrik, uhhu!
Titio convida e estará presente, claro: Último lá é mulher do padre! OBRIGATÓRIO levar duas garrafas pets das grandes, um cabo de vassoura velha, uma lata de leite ninho e um metro de tubo PVC de meia polegada. Leve a sua doidice musical também. O Circo Dux, a Petrobras e o Ministério da Cultura oferecem a Oficina de Criação de Instrumentos com Spirito Santo. São dez vagas gratuitas. Atenção palhaços e músicos interessados em construir intrumentos musicais inusitados! Spirito Santo é do Musik Fabrik É o consultor do Circo Dux na construção do número dos guizos afinados e outros instrumentos 'circo loucos'. Mais informações em: http:/www.circodux.com.br/blefes — com Intrépida Trupe, Up Leon, Grupo Pedras de Teatro

O Bonde - Notas sobre a metodologia Musikfabrik

... Isto tudo pode ser música

"...Não é difícil deduzir, no entanto, que o fascínio deles por tambores é preponderante. Em qualquer caso, contudo, há que se motivá-los, usando o gancho da pobreza evidente e do acesso quase nulo que eles têm a recursos, estimulando-os no uso de materiais de fácil acesso na rua, reutilizáveis, recicláveis, estas soluções até bem recorrentes hoje em dia.

Esta parte é a mais fácil porque, afinal, criar, imaginar, inventar é pura paixão para crianças em geral. A tarefa, no entanto, é muito difícil para muitos educadores porque, nesta hora, é preciso desencarnar a criança que eles carregam, aprisionada, dentro de si (e esta é uma regra indispensável ao sucesso do método).

No processo, as crianças precisam aprender a operar máquinas e ferramentas comuns, destas que os adultos usam (e com as quais, invariavelmente, brincam, simulando fuzis e pistolas). Precisam aprender também a medir coisas, a raciocinar quantidades, calcular medidas e proporções, compreender noções complexas da física tais como tração, pressão, tensão, elasticidade, etc. Precisam também calcular áreas a partir de diâmetros (compreender para que serve o 'Pi', lembram?).

Para construir um simples instrumento musical eles precisam aprender, em suma, quase tudo que a escola deveria lhes ensinar, mas, não ensina. A escola brasileira não foi criada para ensinar a todos. Só a alguns. Como ali não é aquela escola hostil, brincando eles aprendem, constroem-se a si mesmos, apesar de tudo."

Leia a matéria completa aquihttp://spiritosanto.wordpress.com/2007/07/29/o-bonde/