Musikfabrik em Friburgo

Musikfabrik em Friburgo

 (Fotos: Titio e seu celular)

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Titio em alfa. Puro nirvana é esta vida de arte educador. Musikfabrik em Friburgo foi puro e eletrizante deleite. A proposta é a de sempre: Linguagem musical como ferramenta pedagógica para se ensinar qualquer coisa - inclusive música - usando como metodologia o contato físico com a ‘coisa’ musical, naquele ‘como funciona’ que depois de sabido incendeia a cabeça de qualquer um. O ensejo, o projeto da hora é ‘Blefes Excêntricos’ dos super gente boas Fabrício Dorneles e Lucas Ferreira do Circo Dux, parceria já de dois anos.

O Titio ajudando e orientando a dupla a inventar instrumentos musicais esdrúxulos e mui doidos e palhaços, coisa de circo assim assim e eles me levando para essas aventuras de gibi junto com grupos e pareciros de aventura circense. Com este já é o quarto ou quinto workshop que o Titio faz com gente assim de circo ou arte educadores em geral. Sempre maravilha, trapézio sem rede e corda bamba.

Este agora, seguramente foi um dos workshops mais felizes que fiz na vida. É só olhar nas fotos o meu olho brilhando atrás da câmera do celular. Propus um programa que envolvesse orientação e capacitação de adultos que, ali mesmo, o fogo do fazer de tudo se transformariam poucas horas depois em orientadores de adolescentes, para ao final acabarem todos crianças de novo orientando-se entre si mesmos.

Crianças estavam bem vindas, portanto, mas só as acima de 12 anos, determinei eu, peremptório, no desejo de não ficar maluco ali no meio da batalha campal que são meus workshops de véio doidão. Mas vejam o quão mais louca a situação ainda ameaçava ficar: Eu não sabia que ali naquele espaço se cuidava de criancinhas tão pequenininhas, destas de tope mínimo, 5, 6 anos, por aí. Estas mesmas, chantagistas emocionais com cara de gatos sonsos.

Soube delas na hora em que tocando a minha sedutora kalimba me vi cercado por gentinhas, extasiadas me puxando as calças para ver de onde saía o som, com a kalimba enfeitiçando elas feito fez com seu ‘pífano mágico’ aquele flautista de Hamelin. Um dos pequerruchos entre os mais sabidos, na lata, já sabendo de tudo que lhe cabia reivindicar, me pediu para confirmar: “É só para quem tem mais de 12, né tio?” E fez aquela cara de gato na chuva que os pequerruchos sabem fazer.

Fazer o que? Era de chorar. Ali mesmo, perante as criancinhas todas declarei solenemente, feito um ditador vacilante e arrependido: “ Não! Não! É pra geral! Acabo de abolir a lei!” A professora deles fez aquela cara feliz meio assustada, pensando na confusão que eu estava armando. Os demais do workshop, adultos e adolescentes nem sabiam o embaraço que eu havia lhes arrumado quando os pequerruchos invadiram a praia deles cheios de moral e auto estima, para fazer suas violinhas de rock and roll.

E assim o programa foi cumprido literalmente e todo mundo virou músico aluno e professor, ali mesmo, na hora (em pouco mais de 6 hs quero dizer). (Segredo meu: Esta é a hora que eu mais gosto porque a máquina do workshop passa a andar sozinha. Posso sumir, sair, dar uma volta, tomar um cafezinho ou ficar tirando retratos como fiquei, quase invisível (exceto para os pequerruchos que me imploravam mais e mais violinhas de rock and roll.

 La nave sempre va.

E foi assim sim: Arte educação injetada nas nossas veias como droga boa que é, viramos todos doidas criancinhas nem tanto, junto com as outras (as reais) que, por sua vez viraram adultas de mentirinha (embora muito doidinhas) e nos governaram e todo o resto até o fim que, acabou mesmo virando uma ensandecida festa de guris de um Funk não mais proibidinho muito menos proibidão.

E vejam que outra doidice mais doidice ainda: Soube logo que cheguei que o projeto possuía uma pilha de violões estocados, sem uso porque a prefeitura não manda nunca um professor de violão. Olhando em torno aquela multidão de adultos e pequerruchos malucos tocando as violinhas de lata e de rock and roll que eles mesmos haviam acabado de fazer, fiquei pensando: "Ah! Danem-se. Para que servem a esta altura os professores de violão!" Atraída pela ruidosa música livre de amarras de qualquer espécie, sei lá porque, convocadas por alguém, do nada, talvez, nos apareceu uma comitiva da Secretaria de educação municipal com fotógrafo e tudo.

 Tiraram fotos oficiais, entrevistaram o Titio, meio sem tempo para parar e- que loucos - fizeram eles também as suas violinhas e se foram, também mais pequeninos, como não eram ao chegar. Tem gente estúpida que pensa que educação pode caminhar separada de cultura e celebração. Nem ligo mais pra esta gente. Nós, da caravana dos grandes e pequerruchos violeiros, tamborineiros, flautistas e marimbeiros do nosso rock and roll, vamos passando e eles nunca passarão.


















Uhhhú! Ficou mais Nova e iluminada esta Friburgo. É nóis, a chama acesa como em foguete morteiro subindo na pedra do rabo do imperador bundão.

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